terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O corpo humano no espaço




A falta de gravidade impõe uma série de mudanças ao organismo humano.Nessas condições,o corpo passa por diversas alterações físicas.A primeira é a sensação de que está sendo empurrado de um lado para o outro dentro da espaçonave,e de que ela se desloca enquanto os tripulantes permanecem parados.Alguns astronautas sentem inchaço nas veias do pescoço após a ultrapassagem da atmosfera da Terra.
Outros só conseguem sentir o sabor das comidas muito temperadas.O pulmão também é afetado,pois os níveis de oxigênio e de sangue sofrem alterações.Em viagens longas,problemas de ansiedade,insônia,depressão e outros conflitos emocionais podem aflorar,já que os astronautas ficam em um espaço muito limitado por vários dias.
De volta à Terra,novas reações acontecem,pois as funções do corpo são normalizadas somente uma ou duas semanas após o retorno.Enquanto isso,alguns astronautas ficam desorientados,apresentam falta de equilíbrio,além de enfraquecimento dos ossos e perda de massa muscular.

Como funciona a falta de gravidade
É comum vermos fotos de astronautas flutuando dentro de uma nave espacial, da Estação Espacial Internacional ou da Mir. Embora a falta de peso ou a microgravidade pareça ser divertida, ela exige muito do seu corpo. Você pode se sentir nauseado, tonto e desorientado. A cabeça e os seios da face podem inchar e as pernas, encolherem. A longo prazo, os músculos podem ficar fracos e os ossos, frágeis. Esses efeitos podem acarretar danos graves em uma viagem longa, como uma expedição a Marte, por exemplo.
Neste artigo, vamos levar você em uma viagem a bordo da Estação Espacial Internacional, onde verificaremos o que é a falta de peso, o que acontece com o seu corpo, como essas mudanças acontecem e o que pode ser feito para prevenir ou reverter os efeitos adversos.


                                        Um astronauta levanta outro com um dedo

Em contato com a microgravidade

Imagine que você está vestido com seu traje espacial, deitado de costas na cabine de piloto da nave espacial. Está na mesma posição há várias horas enquanto os pilotos e o controle da missão repassam os preparativos para o lançamento. Normalmente, quando você está em pé, a gravidade puxa o seu sangue para baixo e ele tende a se acumular nas veias da perna. No entanto, ao ficar deitado, o sangue se distribui pelo corpo, tendendo a se concentrar mais no cérebro pois os pés estão elevados. Isso pode ocasionar um certo congestionamento, o mesmo que você sente quando dorme. 
Os motores de foguete se acendem e você sente a aceleração. Você é empurrado contra o assento à medida que a nave sobe e começa a se sentir pesado à medida que as forças G da aceleração da nave se elevam até três vezes mais que a força da gravidade, algumas montanhas-russas são capazes de alcançar este nível de aceleração. O tórax é comprimido e há certa dificuldade em respirar. Cerca de 8 minutos e meio depois, você está no espaço sideral, experimentando uma sensação totalmente diferente: a falta de peso.
O termo correto para falta de peso é microgravidade. Você não está realmente sem peso porque a gravidade da Terra mantém você e tudo o que está dentro da nave em órbita. Na verdade, você está em estado de queda-livre, como se tivesse pulado de um avião, exceto que está se movendo tão rapidamente na horizontal (8 quilômetros por segundo) que, à medida que cai, não chega a tocar o chão porque a Terra se afasta devido a sua curvatura. Acontece dessa forma: ao pisar numa balança caseira, ela calcula o seu peso porque a gravidade puxa você e a balança para baixo. Pelo fato da balança estar no chão, ela o empurra para cima como uma força igual. Essa força é o seu peso. No entanto, se você pular de um despenhadeiro enquanto pisa numa balança, você e ela seriam igualmente puxados pela gravidade. Você não empurraria a balança e ela não o empurraria. Portanto, seu peso seria zero.
Fotos cedidas pela NASA
Objetos como cabelos longos, água, MandMs e brinquedos têm um comportamento atípico na presença de microgravidade


Terceira Lei de Newton
"Para cada ação há sempre uma reação oposta de igual intensidade"
Para poder se locomover para qualquer lado na microgravidade, você deve impulsionar contra alguma coisa para poder ser empurrado na direção oposta. Além disso, o objeto que você escolher para impulsioná-lo para frente deve estar ancorado em algo com massa maior do que a sua, como a parede da nave.
Pelo fato da nave e todos os objetos dentro dela estarem caindo mesma velocidade, tudo que não estiver ancorado em alguma coisa irá flutuar. Se você tiver cabelos longos, ele irá flutuar em volta do seu rosto. Se você despejar a água de dentro de um copo, ela se tornará uma gota esférica grande capaz de ser quebrada em gotas menores. Doces e alimentos podem flutuar em direção à sua boca se você os empurrar nessa direção. Enquanto estiver sentado, você não se sentirá nessa posição porque seu corpo não exerce pressão contra o assento. Se não estiver ancorado a nada, você flutuará. Além disso, se não conseguir se encostar numa parede ou se segurar pelas mãos ou pelos pés em alguma alça presa, você não sairá da sua posição porque não há nada que o impulsione. Por esta razão, a NASA colocou alças para mãos e pés em toda a cabine da nave.


Como você se sente em microgravidade

Quando estiver em contato com a microgravidade pela primeira vez, provavelmente terá as seguintes sensações:
  • náusea
  • desorientação
  • dor de cabeça
  • perda de apetite
  • congestão
  • enfraquecimento de músculos e ossos
Elas são causadas pelas transformações que o corpo passa. Vamos aprender um pouco mais a seguir.
Enjôo espacial
A náusea e a desorientação são como aquele frio na barriga que sentimos quando o carro passa por um buraco na estrada ou quando estamos na queda-livre de uma montanha russa, mas no caso da microgravidade, ela é constante e dura alguns dias. Essa é a sensação de enjôo espacial ou náusea por movimento em vôo espacial, causada por informações conflitantes que o seu cérebro recebe dos seus olhos e órgãos vestibulares (localizados no ouvido).Os olhos são capazes de ver o que está em cima e o que está embaixo, no entanto, pelo fato do sistema vestibular precisar da atração da gravidade para orientar o que é para cima e o que é para baixo, e para que possa mostrar em que direção você está se movimentando, ele não funciona bem na microgravidade. É claro que os olhos são capazes de informar ao cérebro que você está de cabeça para baixo, mas ele não recebe nenhuma orientação interpretável dos órgãos vestibulares. Por estar confuso, o cérebro produz náusea e você começa a se sentir desorientado, o que pode levar a vômitos e perda de apetite. Felizmente, após alguns dias, o cérebro se adapta à situação ao confiar somente nas informações visuais e você começa a se sentir melhor. A NASA desenvolveu adesivos com medicação que, colocada sobre a pele, ajuda os astronautas a lidar melhor com a náusea até que o corpo se adapte.


Rosto inchado e "pernas de pássaro"
Em condição de microgravidade, você terá a sensação de rosto inchado e os seios da face parecerão congestionados, o que pode contribuir para a dor de cabeça e náusea causadas pela movimentação em vôo espacial. É a mesma sensação que sentimos quando nos curvamos ou ficamos de cabeça para baixo, porque o sangue corre para a cabeça.

Medidas paliativas

O que pode ser feito para ajudá-lo a lidar melhor com o ambiente de microgravidade? No que diz respeito a objetos inanimados, tudo o que há na nave ou na estação espacial deve ser guardado em armários com cadeados, amarrado ou preso nas paredes com velcro.
Por exemplo, ao se alimentar em condição de microgravidade, você deve se estabilizar na nave com o auxílio de alças de apoio para os pés e a sua bandeja deve estar presa a você por uma faixa. Os alimentos em geral devem ser pastosos e grudentos, como arroz e manteiga de amendoim, para que não saiam flutuando. Se estiver em uma estação de trabalho, deve utilizar faixas e alças de segurança para se prender. Os equipamentos portáteis, como um notebook, devem ficar presos a você (como mostra a figura acima), a uma estante para equipamentos ou à parede da nave.
Ao retornar à Terra, o que se pode fazer para manter a saúde? Lembre-se de que é preciso lidar principalmente com três alterações:
  • perda de líquidos
  • perda de tecido muscular
  • perda de massa óssea
Perda de líquidos
Uma medida paliativa para lidar com a perda de líquidos é um dispositivo chamado pressão negativa na parte inferior (LBNP), que aplica uma sucção semelhante à de um aspirador de pó abaixo da cintura para manter os líquidos nas suas pernas. Este dispositivo pode ser preso a um aparelho de ginástica, como uma esteira ergométrica. É necessário permanecer 30 minutos por dia com o LBNP para manter sua circulação em condições semelhantes às de quando está na Terra.


Foto cedida pela NASA
Teste do dispositivo de LBNP
Para auxiliar o processo, pouco antes de voltar à Terra, você deve beber bastante de água ou grandes quantidades de soluções de eletrólitos para ajudar a repor os líquidos que perdeu. Isto impede que você desmaie ao se levantar e sair da nave.
Deterioração dos ossos e músculos
A NASA e a Agência Espacial Russa descobriram que a melhor maneira de minimizar a perda de massa muscular e óssea é fazendo exercícios com freqüência. Isso exercita os músculos, impedindo que se deteriorem e exerce uma força sobre os ossos, de maneira a produzir uma sensação semelhante ao seu peso. Você deve se exercitar até duas horas por dia em diversos aparelhos (esteira, remo e bicicleta ergométrica). Pode-se  utilizar tiras que produzam tensão, como cordas elásticas, para se manter preso à máquina.



É necessário muito mais pesquisas para poder desenvolver medidas paliativas para as mudanças no corpo em condições de microgravidade. Essas pesquisas devem ser conduzidas tanto em terra firme quanto no espaço sideral, a bordo da Estação Espacial Internacional, e devem ser realizadas tanto com animais como com seres humanos. Os resultados dessas pesquisas ajudarão a manter a saúde dos astronautas e podem possibilitar viagens de exploração espacial mais longas, como expedições a Marte.

Como simular a microgravidade na Terra

Eis alguns métodos que ajudarão a entender a ação da microgravidade na Terra:
  • Inclinação da cabeça para baixo: a pessoa deve se deitar numa cama com a cabeça para baixo cerca de cinco graus em relação ao nível horizontal. A inclinação faz os líquidos descerem para a cabeça, como acontece na microgravidade. Se isso for feito durante um longo período, os ossos e os músculos que estarão em repouso e poderão se deteriorar ou atrofiar, como acontecem com os astronautas na microgravidade.
  • Imersão em piscina: um indivíduo deve ser colocado dentro de uma piscina aquecida por longos períodos de tempo. Ao boiar, o corpo fará com que a concentração de líquidos mude e aliviará os ossos e os músculos, como acontece na microgravidade.
  • Ratos suspensos pelo rabo: os ratos são suspensos de cabeça para baixo pelo rabo dentro das jaulas durante longos períodos de tempo Isso faz os líquidos descerem para a cabeça e a inatividade das pernas traseiras produz a deterioração dos músculos e ossos.
  • "Cometa do Vômito" KC-135: fazer uma série de trajetórias de vôo (parabólicas) para cima e para baixo, e alcançar períodos breves de microgravidade (30 segundos cada) a cada pico. A NASA utiliza esta técnica para o treinamento de astronautas e até a disponibilizou para projetos de pesquisa acadêmicos.

Como você percebe a posição e movimento




Foto cedida pela NASA
órgãos vestibulares
A orientação e o senso de movimento são percebidos pelo sistema vestibular, localizado na porção superior do ouvido interno.
Eis como o sistema vestibular percebe o senso de orientação em relação à gravidade:
  • possui órgãos otolíticos que contêmcristais de carbonato de cálcio(giz);
  • os cristais estão ligados a células de nervos sensoriais capilares em direções diferentes (eixos x, y e z):
    1. ao inclinar sua cabeça em direções diferentes (para frente, para trás, para os lados), a gravidade puxa esses cristais que se movem na direção para onde foram puxados;
    2. os cristais afetados estimulam as células capilares ligadas para enviar impulsos nervosos ao cérebro;
    3. o cérebro interpreta esses sinais para descobrir para que lado a cabeça está indo dentro daquele espaço.
O sensor vestibular percebe o movimento da seguinte forma:
  • há três canais semicirculares para a percepção do movimento, especialmente, da aceleração.
  • estão perpendiculares uns aos outros e cada um está em uma das três direções (eixos x, y ou z).
  • contém um líquido chamado endolinfa e células de nervos sensoriais capilares:
    1. à medida que a sua cabeça acelera em uma certa direção, a endolinfa demora um pouco para acompanhar devido a sua resistência inicial à alteração de movimentação (inércia);
    2. a endolinfa atrasada estimula as células capilares adequadas para enviar impulsos nervosos ao cérebro;
    3. o cérebro os interpreta para descobrir para que lado a cabeça se movimentou.
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