segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Lixo Espacial



Introdução
Durante sua permanência na Estação Espacial Internacional um astronauta precisa fazer reparos na parte externa da estrutura. Depois de pegar as ferramentas apropriadas, vestir o traje espacial e sair pela escotilha o astronauta começa seu passeio no espaço. Sua missão é apertar alguns parafusos frouxos no casco da estação, o que representa risco potencial para a tripulação. Depois de um tenso, mas bem-sucedido reparo, o astronauta fica mais relaxado, mas isso acaba tendo um custo - ele deixa escapar de sua mão a chave que estava usando, e ela fica flutuando pelo espaço. A partir de então, a chave passou a ser mais um item do lixo espacial - detritos na órbita da Terra, movendo-se a 17.000 km/h.
Lixo espacial

Cortesia da NASA
O tanque propulsor principal de um veículo de lançamento Delta 2 que caiu em Georgetown, no Texas, em 22 de janeiro de 1997.


As pessoas produzem uma quantidade inacreditável de lixo na Terra. Só nos EUA, cada pessoa joga fora quase 2 kg de lixo por dia. O país inteiro produz por ano 251 milhões de toneladas de lixo por ano [fonte: EPA]
Com tantos problemas com o lixo na Terra, incluindo lixões abarrotados, não sobra muito tempo para pensar no lixo espacial - ainda mais porque há umas poucas estações espaciais e satélites em órbita. Só que a Nasa diz que há milhões de objetos, pequenos ou grandes, formando na órbita da Terra uma nuvem de lixo.
Mas o que exatamente é o lixo espacial? Como ele chegou lá - e quem o colocou lá? Ah, e quais são as chances de alguém ser ferido se algo cair de volta à Terra? Para saber mais sobre lixo espacial, continue lendo.


O que é lixo espacial?
O lixo espacial estreou no meio do século 20, bem no começo da corrida espacial. Quando, em 4 de outubro de 1957, a União Soviética lançou o Sputnik 1, o primeiro satélite a ir para a órbita da Terra, o mundo prestou atenção. Apesar de ser pequeno para os padrões atuais - do tamanho de uma bola de praia (58 cm de diâmetro)- o Sputnik provocou enorme medo em diversas nações, especialmente os EUA. Além de disparar a corrida espacial, o lançamento preocupou muitos americanos, por sua ligação com a corrida às armas nucleares. Sendo capazes de lançar um satélite no espaço, talvez pudessem amarrar nele uma bomba nuclear e alcançar em horas um alvo.
Pegos desprevenidos, vários países começaram a injetar recursos em programas espaciais - o evento foi diretamente responsável pela criação da Nasa.
Lixo espacial

Cortesia da NASA
Lixos espaciais viajando em alta velocidade ameaçam criar ainda mais detritos se colidirem uns com os outros.

Governos, e agora empresas de celulares, TV e GPS, já lançaram centenas de satélites desde o começo da corrida espacial. Esses satélites, ao lado de foguetes e outros objetos enviados ao espaço, respondem pelo grosso do lixo espacial. Além disso, o departamento da Nasa responsável por lixo espacial lista estes tipos de objetos como exemplos de lixo espacial:


  • Naves espaciais abandonadas - Quando naves, ou partes delas, param de funcionar, são deixadas flutuando no espaço. Normalmente é muito caro resgatar esses objetos, então eles são deixados em órbita até cair de volta ou colidir com outras peças de lixo espacial.
  • Estágios superiores de veículos de lançamento - Os ônibus espaciais são na verdade um conjunto de vários foguetes empilhados. Quando um ônibus espacial é lançado usualmente é necessário mais de um impulso de foguete para que ele chegue alto o bastante, e esses foguetes são disparados em estágios. Os estágios finais são chamados de estágios superiores porque ficam perto do topo do ônibus espacial. Como são disparados tão tarde, qualquer material expelido dos foguetes pode acabar ficando em órbita. Estão entre os maiores componentes do lixo espacial.
  • Efluentes de foguetes a combustível sólido - Alguns ônibus espaciais usam combustível sólido para a propulsão. Depois do lançamento, pode sobrar combustível, que vai ficar flutuando no espaço no reservatório em que estava. Nesse caso, colisões são arriscadas, e mais lixo espacial é criado após um acidente.
  • Partículas de tinta - Por incrível que pareça, pode haver milhões de pequenos pedaços de tinta na órbita da Terra. Calor e impactos de outras partículas arrancam lascas de tinta das espaçonaves e as transformam em lixo espacial.
Qual o risco que representam todos esses objetos à solta no espaço? Continue lendo para saber...

Os perigos do lixo espacial
A Rede Americana de Vigilância do Espaço, departamento que responde à Nasa e é responsável por rastrear detritos flutuando no espaço, relata a existência na órbita da Terra de 13.000 objetos com mais de 10 cm de diâmetro criados pelo homem [fonte: National Geographic News]. Em 2000, eram 9.000 objetos. E a organização estima que haja também milhões de objetos muito menores flutuando por aí. Juntando tudo isso, o peso total chegaria a 5.500 toneladas. Todo esse lixo espacial cria problemas para as estações espaciais? E para o pessoal no solo?
Pode ser difícil de acreditar, mas muitos desses objetos viajam na órbita da Terra a mais de 35.000 km/h. Qualquer coisa se movendo a essa velocidade poderia provocar dano considerável em uma estação espacial no caso de um impacto direto. Mesmo um fragmento de tinta a essa velocidade pode fazer um furo de mais de meio centímetro de diâmetro na janela de uma estação espacial.




O lado bom do lixo espacial em queda

Como o lixo espacial pode ajudar as pessoas? Um improvável boom econômico aconteceu para vilarejos russos perto do Cosmódromo de Plesetsk, de cujas 9 plataformas já foram feitos mais de 1.500 lançamentos. Alguns dias antes da decolagem de naves espaciais como as Soyuz, Molniya, Cosmos-3M, Cyclone-3 e Rockot, os habitantes locais são avisados para se manter distantes do local de lançamento. Depois de alguns dias os habitantes voltam para procurar valiosos destroços de metal dos estágios iniciais dos foguetes. Os destroços podem ser vendidos, ou as pessoas podem guardar para usar em casa algumas coisas, como pilhas para lanternas e aço inoxidável para construção.
Tantos objetos em órbita fazem temer a produção de ainda mais fragmentos no caso de colisões. Mesmo se parasse agora o lançamento de equipamentos espaciais, o total de detritos no espaço permaneceria constante até 2055 [fonte: National Geographic News]. Depois disso, as coisas iriam piorar, porque o material em órbita iria inevitavelmente colidir e criar mais lixo espacial. Especialistas creem que isso já esteja ocorrendo. O caso mais recente de uma colisão assim ocorreu em 17 de janeiro de 2005, quando um pedaço de um foguete chinês que havia explodido se chocou com um foguete americano de 31 anos que havia sido abandonado. O choque produziu somente 4 pedaços de detritos, mas é só uma questão de tempo até que esses pedaços criem um reação em cadeia que não poderá ser interrompida. 
A boa notícia para os astronautas é que a maioria do lixo espacial fica entre 900 e 1.000 km acima da superfície da Terra, ao passo que a Estação Espacial Internacional fica em órbita a 400 km de altitude, e os ônibus espaciais normalmente não vão além de 600 km de altitude. Os programas espaciais também procuram criar projetos de foguetes que liberem menos detritos durante o lançamento.
Para os que ficam na Terra, a preocupação é com lixo espacial em queda. Ele pode atingir o chão? Tudo que está em órbita uma hora será atraído pela gravidade da Terra. Quando isso vai ocorrer depende da altura e da velocidade do objeto. Quanto mais alto o objeto, mais tempo levará para cair - e quanto mais veloz, mais tempo ficará em órbita. Esses objetos podem ficar em órbita por milhares de anos.
E qual é o risco de ser atingido na cabeça por lixo espacial em queda? Felizmente a maioria dos detritos se queima durante a reentrada, e até hoje ninguém morreu atingido por lixo espacial - bolsas de apostas de Londres estimam em 1 em 20 bilhões a chance de lixo espacial aterrissar numa pessoa [fonte: The Scotsman].
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